Entre a serra e o barrocal, fica a Aldeia de Cortes do Meio.
FREGUESIA DAS CORTES DO MEIO UM EXEMPLO NO CONCELHO DA COVILHÃ...
Porque é que decidi escrever e falar sobre as Cortes do Meio? Porque gratas recordações me prendem a essa tão boa gente. A melhor ideia que tenho, mesmo em plena ditadura foi o respeito que encontrei nas pessoa que trabalhavam... Sou natural do Peso lá vivi até aos meus 23 anos, vivo em Lisboa desde 1958, sempre guardei no meu pensamento essas pessoas... Meus pais o Ti Zé Vaz e Ti Ana Batista, tinham no Peso. Taberna, Mercearia, Talho e meu pai era negociante de cereais, Homem muito conhecido, em todo o Concelho da Covilhã e não só... A casa deles era o ponto de encontro nas décadas 40-50-60 do século passado. Lá se juntavam os Leiteiros/as que vinham das Cortes do Meio e Bouça vender o leite porta a porta, transportavam às costas ou á cabeça um cântaro de 50 litros de leite e uma vasilha de 1 litro e sempre a pé das Cortes até ao Peso e outras terras , por veredas e atalhos lá faziam a venda. Após a venda muitas vezes se abasteciam de produtos alimentícios na compra de arroz, açucar sabão,bacalhau etc, etc, 2 - 3 – 4
... 2 ... grande Amigo de meu pai e tinha sempre uma palavra amiga para mim, apesar de eu ser ainda muito jovem gostava sempre de ouvi-lo falar e mesmo agora na distância sempre o tive na minha memória, várias vezes almocei com ele na casa de meus pais no Peso. Mais tarde em 1956, no extinto Batalhão de caçadores nº.2 na Covilhã, ao prestar o serviço militar obrigatório, encontrei-me lá com diversos rapazes das Cortes e Bouça e sempre nos demos bem, fomos sempre grandes Amigos. Certo dia recebi um convite do Sr. da Quinta do Ourondinho para lá ir passar um fim de semana, e almoçar com eles, porque o filho dele , que era meu camarada de armas, dizia-lhes, que eu era o seu melhor amigo.... Eu aceitei o convite e, lá fui encontrar o, José Carrola e a sua irmã, a Piedade Chiquita Carrola, que
.. 3 ... era afilhada do do Sr. da quinta do Ourondinho e filhos do Ti João Carrola um grande amigo de meu pai, que eu também conhecia... Normalmente aos domingos eu ia às Cortes a vender , feijão vermelho colonial, era o meu pai o único importador no Concelho da Covilhã , castanhas piladas figos secos e outros produtos alimentares. O ponto de venda era junto à Igreja Matriz e fonte aonde bebiam os pastores. Mas tinhamos armazem ai nas Cortes, aonde ficava o produto durante mêses.. Cheguei a ter muitos e bons amigos nas Cortes e Bouça, quando morreu o José Carrola senti a perda de um Amigo, eu fui ao seu funeral às Cortes... Quando regressava aos domingos para o Peso, normalmente vinha comigo a Ti Patrocínia Alves que trabalhava para o meu pai, ou o Ti Luis Amaro, ( Sapateiro ) que ia buscar trabalho às Cortes e Bouça, para consertar o calçado dos seus clientes,. e por caminhos
.. 4 ... e veredas sempre a pé, algumas vezes nos sentámos à sombra de uma árvore e um regáto de água corrente , comíamos um pouco de broa, com morcelas, chouriço ou azeitonas ( o Ti Luis Amaro foi o avô do actual, presidente da junta do Peso o Rui Amaro ) Muitas histórias ficam por contar... Com essa tão Boa Gente... Agradeço a todos/as, não tenho palavras e, as palavras não chegam quando o que captaram os olhos já foi muito. Sobre os nossos antepassados mesmo em tempos bem difíceis após a 2ª Guerra Mundial, foram sempre Homens e Mulheres de Bem e nunca vergaram à crise... Nestas últimas décadas mesmo na distância, tenho acompanhado o progresso, na Freguesia das Cortes do Meio, que pode e deve, ser tomada como um exemplo, em todo o Concelho da Covilhã... Há um punhado de Homens e Mulheres, cheios de confiança, num futuro sempre melhor para o bem das suas gentes... Tenho a certeza que vai continuar, o tempo esquece as pessoas mas, não há força tão grande, que faça esquecer as pessoas, que nos fizeram felizes.. A freguesia das Cortes do Meio, tem pessoas de Muita força e a lutar pelo bem das suas gentes. Bem-Hajam Amigos/as
PASSEAR PELAS CORTES DO MEIO COM POESIA... " Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena... Disse: Fernando Pessoa "
Entre a serra e o barrocal, fica a Aldeia de Cortes do Meio.
Ao prolongar as tardes divinais
nas noites amorosas desta aldeia,
Tão cheias de belezas naturais,
douradas pela luz duma candeia.
E a brisa murmurando madrigais
na lêda madrugada já me alheia,
Dos espinhos que a vida tem a mais
e ferem a minha alma delas cheia.
Em Cortes do Meio Deus deixou encanto,
pondo a paz e o amor neste recanto
suavizando a cruz de muitas vidas!
Com a doce ternura de uma mãe,
é à noite que a Lua sempre vem
beijar-te com doçuras desmedidas.
In Facebook de José Batista Vaz Pereira